Colaboradores

terça-feira, 12 de abril de 2016

Companhia Icós: Uma oportunidade abraçada e vidas transformadas


FOTOS: Josely Carvalho

Uma pequena cidade do Sertão Nordestino, onde as oportunidades são mínimas e o desenvolvimento se dá a passos curtos, mas onde há também uma juventude sonhadora, sedenta por mudanças. 
Essa é a cidade de Jaicós-Piauí, que fica não tão longe da capital Teresina (358 km), mas que muito se distancia em desenvolvimento. Com essa realidade, as poucas e boas oportunidades que surgem devem ser abraçadas, e foi isso que alguns jovens dessa cidade fizeram.

No ano de 2007, foi fundado no município um Ponto de Cultura através da Fundação Educacional e Cultural São Francisco de Assis, com o objetivo de desenvolver projetos sociais,culturais,educacionais e esportivos, contribuindo para a construção e exercício da cidadania entre os jovens. E foi a partir dessa iniciativa, que em 2014, após participarem de uma oficina de dança oferecida no Ponto de Cultura, e por meio do projeto Reviver a Cultura Através da dança, coordenado por Rosângela Silveira,criado posteriormente, que um grupo de jovens deu início a uma Companhia de dança, que, em homenagem a tribo que deu origem ao nome Jaicós, recebeu o nome de Companhia Icós. 

 Hoje, após três anos de seu início, a Companhia Icós é liderada pelo jovem Emanoel e possui cerca de 26 integrantes que na dança encontraram uma oportunidade de mudarem seu estilo de vida e de fazerem a diferença em meio a tanto comodismo.

O grupo já se apresentou em diversos eventos no município de Jaicós, como também no primeiro Circuito Cultura Viva realizado em Picos.

 Em 2015, a Companhia realizou em Jaicós seu primeiro espetáculo de dança, intitulado "Raízes". "Realizamos ano passado o primeiro espetáculo de dança em Jaicós, foi o primeiro projeto do Piauí e de cidade pequena, patrocinado pelo boticário. Fizemos o projeto e deu tudo certo " disse Rosângela 
Silveira.

CIA. Icós em apresentação no espetáculo de dança "Raízes". 



 Segundo Rosângela, para se manter uma companhia cultural em uma cidade pequena a dificuldade é imensa porque muitas pessoas não acreditam nesse trabalho e pela falta de recursos.
 Agora o Ponto de Cultura está aguardando que o Governo do Estado envie o recurso necessário para que o trabalho possa continuar e mais oficinas e eventos sejam realizados. 

Mas, mesmo com alguns desafios, os integrantes da Icós continuam seguindo o que gostam, ensaiando diariamente e se dedicando para que o grupo possa crescer e receber todo o apoio e visibilidade merecidos.

Quatro jovens do grupo falaram sobre o que a participação na CIA tem lhes proporcionado, e em breve estaremos postando aqui o depoimento de cada um deles.

domingo, 10 de abril de 2016

Mais um cordel escrito pelo jovem Paulo Henrique, agora em homenagem a Jaicós


Jaicós terra do galo
O que dizer de você?
Terra querida e linda
Tenho orgulho em dizer
Teu povo é hospitaleiro
Sofrido, porém guerreiro
Jamais vou te esquecer

Como me esquecer
Das feiras de segunda
Do dominó à tardezinha
Do teu segurança da rua
Eita cabra véi  disposto
Um homem corajoso
Maradona, a rima é sua

A se teus políticos
Tivessem o pensamento
De também te defender
Proteger a todo tempo
Quão grande tu serias
Cheia de alegrias
E não de sofrimento

Espero que um dia
Tu venhas a crescer
Pois tu tens muito mais
Do que está a oferecer
É só da uma organizada
Tirar o que te atrapalha
Pra você desenvolver

Peço a você leitor
Que num repare não
Não sou de falar bonito
Mas falo de coração
Termino aqui meu cordel
Agradeço ao Pai do Céu
Pela divina Inspiração.


Autor: Paulo Pereira



sexta-feira, 8 de abril de 2016

Umbanda: Fé e Adversidade



A seguir será apresentado um documentário que mostra a prática religiosa da Umbanda em Picos - PI, no qual aborda a adversidade da fé cristã. Esse trabalho foi produzido pelas colaboradoras do blog Valorizando a Cultura: Josefa Galvão, Josely Carvalho e Saionária D’arc, contando também com a participação dos acadêmicos de Comunicação Social: Iara Calli e Leandro Cruz, na produção desse vídeo. Independente da escolha religiosa todas as representações de fé merecem respeito.



O Sertão em imagens




























Breve relato sobre um jovem picoense e sua paixão pela Literatura de Cordel

  "Comecei a me interessar pelo cordel muito cedo. Quando ainda era bem novo lia muitos cordéis, poemas, gostava de ouvir repente e por aí vai. Na escola, todo trabalho que fazia eu procurava utilizar o cordel. As dificuldades enfrentadas durante minha vida também me ajudaram. Todas as vezes em que estava triste, desanimado, resolvia escrever."


Este é um breve relato do jovem picoense Paulo Henrique, que tem 21 anos e sempre foi apaixonado pela Literatura de Cordel. Através de seu interesse pelo cordel, poesia e repente, ele começou a compor. 

Segundo ele, um livro que o incentivou muito a escrever foi "As proezas de João Grilo, do cordelista João Ferreira de Lima, um dos seus escritores preferidos.

Paulo chegou  a criar vários cordéis, falando, em especial, dos momentos vivenciados por ele e sua família, mas por falta de incetivo, acabou descartando todos.

Mas apesar da falta de apoio, sua admiração pela literatura nunca acabou, e ainda hoje, quando alguém lhe pede ou quando se depara com uma história interessante, lá está ele debruçado sobre o papel a escrever relatos em forma de cordel.


Confira o mais recente cordel escrito por ele :

Vou te contar uma história
De um caboclo do sertão
Que cansado de trabalhar
E não ter  no bolso um tostão
Decidiu abrir uma empresa
Pra poder arrumar riqueza
Sendo agora patrão

Estava em tempo de  construção
E Adonias era esperto
Decidiu que sua empresa
Iria trabalhar com prego
Com tanta casa construindo
Pensou ele sozinho
Esse negócio vai  dar certo

Para divulgar a empresa
Adonias pegou uma cruz
Nela, de braços abertos
Estava o mestre Jesus
Com uma frase inríba
Dizendo que o prego de Adonias
Segurava até Jesus

Quando viu aquilo
O Padre ficou zangado
Disse que Adonias
Tinha a Deus blasfemado
Usando o Senhor Jesus
Pendurado numa cruz
Pra ganhar alguns trocados

Mas pense num caba esperto
Esse tal de Adonias
Pegou somente a cruz
Tirou Jesus pra não dar briga
E botou outra frase que dizia
Que se fosse o prego de Adonias
Duvido como o caba não fugia!

Autor: Paulo Pereira







Projeto Adimó : destaque na cultura piauiense


A Companhia Cultural Adimó, do município de Picos-Piauí, fundada oficialmente no ano de 2007, surgiu através de uma experiência vinda do Movimento Negro, do qual o coordenador e idealizador da Companhia, Francisco das Chagas, faz parte.

Eu e alguns casais da igreja católica, que possuímos uma experiência em vivência social, começamos um trabalho voltado a questão da Consciência Negra e a partir daí veio o grupo Adimó. Criamos o grupo numa discussão ainda informal no ano de 2005, em 2006 foi instituído ao negro no Piauí, e posteriormente, em 2007, conseguimos fundar oficialmente o Grupo Cultural Adimó”, relatou Francisco das Chagas.

Francisco das Chagas, coordenador do Projeto Adimó.


 O projeto, que conta atualmente com cerca de 300 participantes, entre alunos, voluntários e colaboradores, tem contribuído para o desenvolvimento cultural do município, oferecendo, principalmente, aos jovens e adolescentes uma oportunidade de integração e aprendizado, por meio das diversas oficinas que são realizadas e disponibilizadas gratuitamente à população.


Aula de violão ministrada através do projeto

A Companhia Cultural tem se destacado e conquistado seu espaço participando de diversos eventos na região e recebendo várias premiações.

Na área da cultura o grupo já participou de diversos eventos. Festivais, torneios, tanto na macrorregião de Picos, quanto em Teresina e a nível de Nordeste. Na área de cultura temos de 4 a 5 troféus de primeiro e segundo lugar, na área de esporte temos troféu de terceiro lugar com o basquete de rua e de primeiro lugar no futsal. Na educação, que é o outro tripé do grupo, temos o Selo UNICEF como semifinalista numa articulação nacional de 2713 projetos, em que ficamos entre os 20 melhores. Participamos também de seminários internacionais, onde o grupo foi apresentar propostas em educação integral ”, informou Francisco das Chagas.


Grupo de dança do Projeto Adimó participando do Festival Nacional de Folguedos, em 2013.
  
Foto divulgada no portal Dia a dia Picos


Segundo Francisco, o prêmio mais importante foi o Selo Itaú Unicef, conquistado em 2013, pois a partir daí o grupo passou a ganhar maior visibilidade e as pessoas perceberam que o Adimó não é apenas um grupo de dança, mas que ele tem um tripé que o sustenta nas questões políticas, sociais, culturais e ambientais.

Mas, apesar do crescimento, o Adimó ainda não possui uma sede própria para a realização de suas atividades.
Não temos uma sede própria e a luta é constante. Começamos o projeto funcionando aos sábados e domingos em um espaço de escolas há anos atrás, já migramos por diversas escolas, estivemos em uma sede social e agora estamos aqui ocupando um local cedido pela Prefeitura Municipal. Então, a nossa maior dificuldade é de espaço”, disse Francisco.

A partir do dia 15 de maio, deste ano, o grupo estará realizando uma campanha de mobilização e arrecadação para a compra de um terreno e construção de uma sede definitiva.

quinta-feira, 7 de abril de 2016

Projeto dirigido por Marcelo Rosenbaum muda realidade de Povoado Piauiense

Toca das Possibilidades, construída no ano de 2012


O Povoado Várzea Queimada, localizado no município de Jaicós-Piauí (358 km de Teresina), abriga uma comunidade de artesãos que tem conquistado seu espaço através da atividade artesanal desenvolvida por meio da criação de peças utilizando palha de carnaúba e borracha.

O grupo já existe há anos, mas passou a ter seu trabalho realmente conhecido e valorizado quando teve início no povoado o projeto A Gente Transforma (AGT), dirigido pelo designer Marcelo Rosenbaum, conhecido nacionalmente por sua participação no quadro “Lar Doce Lar” apresentado no programa Caldeirão do Huck, na Rede Globo.

O AGT iniciou-se na Várzea Queimada no ano de 2012, quando uma equipe de designers, juntamente com os artesãos criaram as coleções Toca Palha e Toca Borracha, que foram tema do São Paulo Fashion Week daquele ano, e expostas no Salão do Móvel de Milão, conceituado evento de design. As coleções são compostas por peças como tapetes, bogoiós, colares, rosários e chaveiros.

Tapete feito com borracha
Peças produzidas com palha de carnaúba



No mesmo ano, foi construído no povoado um centro comunitário nomeado de “Toca das Possibilidades”, que foi projetado em conjunto pelos artesãos locais e a equipe do AGT.


Interior da Toca das Possibilidades


Como continuidade do projeto, o AGT levou ao Povoado a Expedição Garupa Chapada do Araripe, que aconteceu no mês de janeiro do ano corrente e teve como objetivo a preparação do povoado para ser um ponto turístico, construindo a estrutura necessária para o recebimento de visitantes.

Como resultado do projeto, foram produzidos também um livro e um documentário sobre as atividades desenvolvidas no povoado.